segunda-feira, 15 de setembro de 2008

BUMBA-MEU-BOI

O Bumba-Meu-Boi
Histórico : Existem duas correntes de estudiosos que defendem o surgimento do Bumba meu boi , uma diz que teria nascido de escravos e gente pobre agregados de engenhos e Fazendas ,trabalhadores da roça e de pequenos ofícios das cidades interioranas, por vota das ultimas Décadas dom Século XVIII.Sem nenhuma participação feminina pelas circunstância sociais da época.
Para outros estudiosos , a "mãe" do Bumba meu boi brasileiro está ligada a alguns elementos orientais e europeus do Boi-de-canastra de Portugal,mas sem enredo nem declarações e sim ação lúdica.
O bumba-meu-boi é uma das mais ricas manifestações do folclore brasileiro este nome Bumba , uma interjeição onomatopaica que indica estrondo de pancada ou a queda ( bumba-meu-boi: bate! ou chifra, meu boi), ou da nossa cultura popular, é o Folguedo de maior significação estética e Social do Brasil e foi o primeiro a conquistar a simpatia dos indígenas durante a catequese.Tal como ocorre no Brasil não é visto em outro lugar,salvo na África ,para onde imigrantes brasileiros o levaram.Denomina-se no Daomé: Burrinha,com características diferentes da brasileira.A referência escrita mais antiga feita no Brasil sobre o bumba-meu-boi foi feita pelo Padre Miguel do Sacramento Lopes Gama (1791-1852), no Periódico(jornal) "O Carapuceiro" de 11 de Janeiro de 1840(Recife).
A FESTA DO BUMBA-MEU-BOI : É uma espécie de ópera popular, cujo conteúdo varia entre os inúmeros grupos de bumba-meu-boi existentes mas, basicamente, desenvolve-se em torno da lenda do fazendeiro que tinha um boi de raça, muito bonito, e querido por todos e que, inclusive sabia dançar.
Na fazenda trabalhavam Pai Chico, também chamado negro Chico, casado com Catirina, os vaqueiros e os índios.Catirina fica grávida e sente desejo de comer a língua do boi. Pai Chico fica desesperado. Com medo de Catirina perder o filho que espera, caso o desejo não seja atendido, resolve roubar o boi de seu patrão para atender ao desejo de sua mulher.
O fazendeiro percebe o sumiço do boi e de Pai Chico e manda os vaqueiros procurá-los, mas os vaqueiros nada encontram. Então o fazendeiro pede para os índios que ajudem na procura. Os índios conseguem encontrar Pai Chico e o boi, que neste intervalo havia adoecido. Os índios levam Pai Chico e o boi à presença do fazendeiro, que interroga Chico e descobre porque ele havia levado o boi. Os pajés (ou doutores) são chamados para curá-lo, e após várias tentativas conseguem curar o boi, que se levanta e começa a dançar alegremente. Então o fazendeiro perdoa Pai Chico e tudo termina em festa. Na outra história bastante comum na Bahia o boi não revive e seu corpo é partilhado. No bumba-meu-boi não existe época para a realização da festa , esta data varia muito de região para região , e até mesmo na região.
Uma vez convidado, o grupo apresenta-se defronte a casa de quem o convidou . A apresentação começa um pouco antes da casa, quando o amo do boi canta a toada inicial, chamada Guarnecer, organizando o grupo para a apresentação. Depois do Guarnecer, é a hora do Lá Vai, que é uma toada para avisar o dono da casa e demais que o boi já está indo. Depois do Lá Vai, e cantada a Licença, quando o boi pede licença para se apresentar. No decorrer da apresentação cantam louvores a São João, São Pedro, ao boi, ao dono da casa e vários outros temas, como a natureza, lendas da região, amores, política, etc. Em determinado momento começa o auto, quando apresenta a história básica de Catirina e Pai Chico, que no entanto pode variar muito de um grupo para outro. Também é cantado o Urra do boi e a toada de despedida, e a apresentação termina. As apresentações sucedem-se até por volta do mês de setembro, quando ocorre a morte do boi. Para a morte do boi, é preparado um grande mourão no centro do terreiro, todo enfeitado. Defronte ao altar de São João, reza-se a Ladainha .
A matança do boi dura três dias ou mais, com muita festa e dança. No final o boi é morto simbolicamente, onde o vinho representa o seu sangue. O "couro" que envolvia a armação de madeira é retirado. Para o próximo ano, outro "couro" será bordado, novas toadas serão compostas e o ciclo recomeça.
PERSONAGENS E VESTIMENTAS : Existem vários personagens e variam bastante entre os diferentes grupos, mas as principais são as seguintes:
Amo ou Fazendeiro: representa o papel do dono da fazenda, comanda o grupo com auxílio de um apito e um maracá (maracá do amo) canta as toadas principais;
Pai Chico: empregado da fazenda, ou forasteiro, dependendo do grupo, rouba ou mata o boi para atender o desejo de mãe Catirina. O papel desempenhado por esta personagem varia de grupo para grupo, mas na maioria das vezes desempenha um papel cômico;
Mãe Catirina : mulher do pai Chico, que grávida deseja comer a língua do boi. Coloca enchimento na barriga para parecer que está gestante;
Boi : é a principal figura, consiste numa armação de madeira em forma de touro, coberta de veludo bordado. Prende-se à armação uma saia de tecido colorido. A pessoa que fica dentro e conduz o boi é chamado miolo do boi;
Vaqueiros: são também conhecidos por rajados. Nos bois de zabumba são chamados caboclos de fita. Em alguns bois existe o primeiro vaqueiro, a quem o fazendeiro delega a responsabilidade de encontrar pai Chico e o boi sumido, e seus ajudantes que também são chamados vaqueiros;
Índios, índias e caboclos:tem a missão de localizar e prender pai Chico. Na apresentação do boi proporcionam um belo efeito visual, devido à beleza de suas roupas e da coreografia que realizam. Alguns bois, principalmente os grupos de sotaque da ilha, possuem o caboclo real, ou caboclo de pena, que é a mais rica indumentária do boi;

Burrinha : aparece em alguns grupos de bumba -meu-boi, trata-se de um cavalinho ou burrinho pequeno, com um furo no centro por onde entra o brincante, a burrinha fia pendurada nos ombros do brincante por tiras similares à suspensório;
Cazumbá : Personagem divertido, as vezes assustador, que usa batas coloridas e mascaras de formatos e temática muito variada. Não são todos os grupos de bumba-meu-boi que possuem cazumbás;

INSTRUMENTOS MUSICAIS :

O bumba-meu-boi formou-se através da união de alguns elementos culturais europeus, africanos e indígenas. A maior ou menor influência de uma das culturas pode ser percebida através dos instrumentos, vestimentas, dança, coreografia, instrumentos e ritmo dos grupos de bumba meu boi. Este conjunto de fatores, principalmente o ritmo define o que convencionou-se chamar sotaque do grupo.
A maior influência indígena , pode ser percebida nos bois da ilha, ou bois de matraca (sotaque de matraca). A influência da cultura africana predomina no chamados bois de Guimarães, ou bois de zabumba (sotaque de zabumba).
A cultura européia é melhor percebida nos chamados bois de orquestra (sotaque de orquestra).
No entanto como a criatividade corre solta dentre os grupos de bumba-meu-boi e novos grupos surgem freqüentemente, os sotaques também vão mudando e novos sotaques vão surgindo. Não existem dois grupos de bumba-meu boi com o sotaque exatamente igual.
Os bois de influência predominantemente indígena, bois de matraca, utilizam mais os seguintes instrumentos:
Maracá : instrumento feito de lata, cheio de chumbinhos ou contas de Santa Maria. É um instrumento de origem tanto africana como indígena;
Matraca : feita de madeira, principalmente pau d'arco, é tocada batendo-se uma contra a outra;
pandeirão : pandeiro grande, coberto geralmente de couro de cabra. Alguns tem mais de 1 metro de diâmetro e cerca de 10 cm de altura. São afinados a fogo.
tambor onça : É uma espécie de cuíca, toca-se puxando uma vareta que fica presa ao couro e dentro do instrumento. Imita o urro do boi, ou da onça.
Os bois de zabumba utilizam principalmente:
maracá : instrumento feito de lata, cheio de chumbinhos ou contas de Santa Maria;
tamborinho: pequeno tambor coberto de couro de bicho, o mais comum é usar couro de cutia, é tocado com a ponta dos dedos;
tambor onça : É uma espécie de cuíca, toca-se puxando uma vareta que fica presa ao couro e dentro do instrumento;
zabumba: é um grande tambor, conhecido também como bumbo, é um instrumento tipicamente africano;
tambor de fogo: feito de uma tora de madeira perfurada à fogo e coberto por um couro cru de boi preso à tora por cravelhas. É um instrumento tipicamente africano;
Os bois de orquestra tem instrumentação muito variada, utilizam instrumentos de sopro como saxofones, trombones, clarinetas e pistões; banjos, bumbos e taróis, também maracás e outros.